
Olhos de vidro
Elas passam com olhos de vidro.
Elas sentem o frio na alma.
E engolem o próprio desejo,
Disfarçando a enorme amargura.
Se deleitam com minhas loucuras,
Se espantam com minha doçura.
Quando trancam no quarto a candura
Oferecem as costas ao carrasco.
Não aceitam que seja um fiasco.
O que sobra de seus casamentos.
E aturam em silêncio o tormento.
Exercitam o ciúme doentio.
Dão a vida quando estão no cio.
Dão a cara a quem não merece.
E a todos que ama esquece.
Transformando o poeta em palhaço.
Mas um dia haverá simpatia
E mais vida nos olhos de vidro.
E além desse olhar um sorriso
Transformando a estátua em pessoa.
É que o tempo não pára um minuto.
Modifica a essência de tudo
Transformando expressões arrogantes
Num semblante gentil de uma velha.
Larissa Perdigão
Nenhum comentário:
Postar um comentário